domingo, 30 de março de 2008



JOELHO MACHUCADO
Mais cedo ou mais tarde poderá ser o seu.


por Samuel Samways Kulchetscki


Existe uma expressão que nos ensina que há inúmeras possibilidades de se transmitir uma idéia e que é necessário olhar por outro ângulo, a fim de entender o que está sendo dito. Essa expressão é leia as entrelinhas. Muitos astrólogos tentaram deturpar a verdade dessa frase ao dizer que a expressão correta seria “leia as estrelinhas”, mas sabemos que essa declaração não passa de mais uma artimanha para enganar e estragar o entendimento de inúmeras piadas internas.

Portanto, fundamentada nesse código para a compreensão de todas as coisas, o MAS QUE COISA, como um instrumento de serviço social para o aprimoramento cultural coletivo, vem te ensinar a entender o real significado do termo machucar o joelho.
Para dominar a técnica de ler as entrelinhas é necessário possuir a maestria em outra técnica, a associação de palavras. Por exemplo: o que podemos entender por um cara que, sem ver sua namorada por vários meses, entra com a senha dela em seu orkut? Vamos usar a associação de palavras. Orkut lembra meio de comunicação, que lembra meio de azaração, que lembra “tenho que descobrir quem ta dando em cima da minha namorada”, que lembra desespero, que lembra tem algo aí, que lembra... enfim, tem algo aí. Assim, machucar o joelho remete a acidente involuntário, que remete à lesão incapacitante, que remete à boa desculpa para não se fazer o que era para se fazer caso seu joelho estivesse em perfeito estado. Ficou claro? Logo machucar o joelho significa desculpa esfarrapada.
Agora associemos um joelho machucado com aquilo em que ele mais aparece: um missionário que voltou antes do tempo.

Aqueles de raciocínio rápido já devem ter lido as entrelinhas desse texto e concluído o significado real da “lesão joelhística”. Não é muita coincidência que a maioria dos nossos colegas em trabalho filantrópico, que acabam voltando antes da hora, declarem sempre o mesmo problema de luxação recidivante da patela? Seria o excesso de fervor nas orações de joelho? Ou os jejuns exagerados que impedem a aquisição de cálcio para o corpo? Talvez seja a economia de luz, a vontade de ir ao banheiro, aquela mesinha inútil no meio da sala e a lei de Murphy trabalhando juntas para, num belo “baque”, acabar com o joelho e a missão do inocente andarilho noturno?
Não! Na verdade ele voltou por causa de uma outra expressão que, por associação, é muito ligada à vinda antecipada de nossos “éldis”. FU-BE-CA-GEM. Logo, machucar o joelho significa “aprontar”.

Mas não se preocupem. Como todas as coisas no mundo, essa expressão perdeu sua força pejorativa e passou a ter uma conotação até mesmo “inocente”, sendo facilmente associado ao ato de flertar, “causar” e, porque não dizer, beijar. Com certeza, após esse exercício de associação de palavras e leitura das entrelinhas, sua vida terá outro sentido, e seu cuidado com o joelho também (pra melhor ou pra pior), pois o que vai ter de manco aparecendo por aí não vai ser brincadeira! Afinal, em terra de coxo, quem não é manco... quer ficar. O que não pode acontecer é uma fratura exposta.

(Para aqueles chatos que vêem uma oportunidade para criticar em tudo, que fique bem claro que esse texto é de natureza humorística e não quer dizer que o missionário que tenha machucado o joelho de verdade e voltado antes de completar dois anos tenha necessariamente “machucado o joelho”. Se é que você me entende. Caso ainda queira criticar, sugiro que cuide do seu próprio joelho, ou melhor, cuide menos dele.) □
(Matéria da edição de número 3, maio de 2007)

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